Lâmpada para os meus pés é tua palavra e luz, para o meu caminho (Salmos 119.105)
Como podemos relacionar a ética a Bíblia?
Falar de ética hoje é bastante complicado. No mundo em que vivemos surpreendentemente nos surpreendemos quando alguém comete alguma atitude positiva como, por exemplo, devolver um dinheiro que não é seu. Quando alguém encontra uma mala cheia de dinheiro e devolve ao seu verdadeiro dono sai nos maiores telejornais, em horário nobre. Mas o que ele fez não seria dever?
Não adianta explorar muito essa questão de diminuição dos valores morais, pois é necessário apenas virar o rosto e olhar as pessoas em redor. Quantas pessoas verdadeiramente honestas você viu? E no Brasil isso toma proporções gigantescas, envolve desde o menor até o maior.
Contudo quando falamos em falta de valores é porque nós temos preceitos morais, do contrário como alguém sentiria ausência daquilo que não existe?
A controvérsia não está no existir ou não dos preceitos morais e sim na origem desses preceitos. A que tudo indica Deus teria lançado no coração do homem princípios morais:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Genesis 1.26)
Como Deus é espírito - espíritos não possuem forma e não se assemelham a nenhum homem conforme o corpo - o sentido do texto só pode ser a semelhança moral com o livre-arbítrio. Isso já teria sido estudado por Descartes quando descreveu as idéias inatas, adventícias e factícias. A moral não seria só aprendida por nós durante o nosso convívio na sociedade, mas viria impressa em nós pelo Criador. A experiência, isto é, o conhecimento empírico, viria a nos confirmar que, por mais que haja mudanças significativas em todas as sociedades humanas, há preceitos que permanecem os mesmo durante toda a história das sociedades humanas, variando apenas circunstancialmente em que casos isolados e efêmeros.
Contudo, vamos supor que o funcionalismo esteja correto quando diz que ética e moral foram aprendidas pela sociedade como se fosse o sentido da sua própria preservação, isto é, mesmo se Deus não existisse a sociedade iria criar mecanismos de auto-preservação, entre eles o principio moral.
Eu, particularmente, tenho grandes ressalvas a fazer a essa teoria sociológica. Considero-a como uma teoria revistada na modernidade daquela que já foi pensada pelo Dr. Pangloss, no livro Cândido de Voltaire, o marxismo que o diga. Mas em certo sentido essa doutrina social pode ser aceita. Isso, a meu ver, pode ser visto no Antigo Testamento. A respeito dessa ligação considerei por bem mostrar a vocês o que foi escrito a respeito do Antigo Testamento em site de ateus (http://ateus.net/ebooks/acervo/a_etica_e_a_biblia.pdf):
“Diferentemente do aborto, a homossexualidade é claramente condenada na Bíblia. O Levítico 18:22 diz «Tu não deves deitar com um varão como se fosse uma mulher; isto é abominação.» Apesar disso, alguns comentadores sustentam que a Bíblia não é de fato tão dura em relação à homossexualidade, e explicam como cada passagem relevante (parece haver nove) deveria ser compreendida. (Veja Peter J. Gomes, The Good Book, New York: Avon, 1996). Mas, supondo que tomemos a passagem do Levítico em sentido literal, e concedamos que a Bíblia realmente ensina que a homossexualidade é abominação. O que podemos inferir disso? Pode-se inferir daí que é de fato abominação? Problemas como este existem até mesmo para os crentes. Um é de natureza prática e outro, teórica.
1. O problema prático é que os textos sagrados, especialmente aqueles compostos há tanto tempo atrás, nos oferecem mais do que esperamos obter. Poucas pessoas leram de fato o Levítico, mas se o fizeram, descobriram que, somando-se à proibição da homossexualidade, há nele instruções para tratar os leprosos, exigências em relação aos sacrifícios e uma rotina elaborada para lidar com as mulheres que estão em seu período mensal. Há um número surpreendente de regras a respeito das filhas dos sacerdotes, incluindo a observação de que, se a filha de um sacerdote «agir como meretriz», deverá ser queimada viva (21:9). O Levítico proíbe que se coma carne gordurosa (7:23), só permite que uma mulher entre no santuário após decorridos 42 dias de ter dado à luz (12:4-5), e não permite que se veja um tio nu. O último, incidentalmente, também é tratado como abominação (18:14, 26). Diz ainda que a barba não deve ser aparada nos cantos (19:27) e que é permitido comprar escravos dos estados vizinhos (25:44). Há muito mais, mas isso é o bastante para dar uma idéia.
Não podemos concluir que o homossexualismo seja uma abominação simplesmente porque o Levítico assim o diz, a menos que também seja nosso desejo concluir que estas outras instruções sejam exigências morais. Mas, no século XXI, quem tentasse viver em conformidade com estas regras enlouqueceria. Alguém poderia, claro, conceder que as orientações sobre a menstruação, e etc., eram peculiares à cultura antiga e não nos obrigam hoje. Isto seria sensato, mas se disséssemos algo assim, a porta estaria aberta para afirmar o mesmo sobre a regra contra a homossexualidade.
Líderes fundamentalistas como o Rev. Jerry Falwell dizem que, ao se oporem à homossexualidade, eles «não têm escolha» exceto aceitar o ensinamento bíblico. Como diz Falwell, «Devo ser obediente ao Senhor.» (National Liberty Journal, Julho de 1999). Todavia, ele não acredita que não tenha escolha, quando se trata de comer carne gordurosa. Na verdade, o Rev. Falwell faz o que qualquer pessoa sensata faria: segue os preceitos que lhe parecem razoáveis e ignora os demais. Como poderia ser de outra forma? Nenhuma pessoa sensata pode desprezar seu próprio julgamento, mesmo quando consulta uma autoridade respeitada. (Se a voz de Deus lhe diz para fazer algo que seu próprio bom senso diz ser loucura, você provavelmente concluirá que não é a Deus que está ouvindo.) É por isso que as pessoas inevitavelmente ‘interpretam’ a escritura ajustando-a a suas próprias idéias sobre o que é certo.
2. A dificuldade teórica é igualmente séria: nada pode ser moralmente certo ou errado porque uma autoridade assim o diz, nem mesmo quando se trata de uma autoridade tão reverenciada quanto a Bíblia. Se os preceitos do texto não forem arbitrários, deve haver uma razão que os explique. Nós deveríamos ser capazes de dizer por que a Bíblia condena a homossexualidade, e esperar uma resposta. Esta resposta, então, nos esclareceria porque o homossexualismo é errado, se de fato o é. Na lógica do raciocínio moral, a referência ao texto deve ser abandonada e a razão por trás do pronunciamento, se houver, deve ter lugar.
Vale a pena nos determos um instante sobre este último ponto. Eis um exemplo diferente: a Bíblia diz que não devemos levantar falso testemunho contra o próximo (Ex. 20:16). Esta é uma regra arbitrária que Deus nos impôs sem razão? Pelo contrário, é fácil ver porque esta regra faz sentido: o falso testemunho gera prejuízo e destrói confiança que os outros têm em nós. Mentir em relação ao próximo (‘levantar falso testemunho’) é o mesmo que insultá-lo e prejudicá-lo injustamente. Se quiser saber por que mentir é errado, estas são as razões. A questão crítica sobre a homossexualidade consiste em saber se é possível encontrar razões igualmente boas para explicar por que deveríamos condená-la. Se nos disserem tão somente que uma autoridade a condena, não nos explicaram por que é condenável.”
Israel quando saiu do Egito era uma nação extremamente pequena, os preceitos dados por Deus servem para preservação da sociedade israelita. No caso da lepra o afastamento era necessário. Naquele tempo a cura era praticamente impossível, um leproso poderia contaminar todo o arraial. A alimentação é outro fator de proteção, o uso indiscriminado de certos alimentos sem a higiene necessária e o cuidado específico pode causar diversos males à saúde. A punição, muitas vezes severa, servia como inibidora da desobediência. Mesmo hoje podemos observar que quanto maior a impunidade maior é a ocorrência de crimes E por último, o homossexualismo recorre sua proibição, primeiro, pelo uso prático. Deus criou o homem e a mulher e instituiu a família, multiplicando-a pela criação. É verdadeiramente impossível a procriação entre gêneros iguais. Deus usou de bondade para com os homens prevenindo-o dos males recorrentes a tal atitude. Se o homossexualismo tivesse o uso indiscriminado à sociedade israelita correria o risco de diminuir ainda mais o tamanho e ficar exposta a eliminação por outras tribos concorrentes, também o sexo indiscriminado resultaria doenças venéreas, as quais são bem difíceis de se controlar num contágio de alguém da tribo. Além do que o homossexualismo não foi aceito no sentido teológico. Se fosse apenas ao sentido procriação, esses preceitos teriam sido deixados de lado no passar dos séculos, devido ao aumento da espécie humana no mundo. A criação de Deus é perfeita, mas é perfeita por ser Deus santo e perfeito e não por ela em si. O homossexualismo é condenável no sentido em que se perde o sentido espiritual para a adoração do natural e do terreno.
“Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” (Romanos 1.24-27)
Como muitos dos preceitos tinham caráter funcional então se pode dizer que eram transitórios.
“Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança (o Antigo Testamento) tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.” (Hebreus 8. 6-10)
Por isso que (sem contradições) Cristo trata os leprosos de maneira diferente da do Antigo Testamento:
“Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo.” (Marcos 1. 40-42)
Não há porque existir preconceito. Cristo cura os leprosos.
Mas há mais na Bíblia do que o sentido moral funcional:
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” (1 Coríntios 6. 12)
A Bíblia contém verdades além do sentido de sociedade humana. A verdade do Evangelho é o amor e a moral cristã excede a moral do mundo.
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus." (Mateus 5.20)
Enquanto um mundo privilegia os arrogantes, Cristo diz: “Mais que felizes são os humildes..."(Mateus 5.3)
Enquanto um mundo privilegia os alegres, Cristo diz: “Mais que felizes são os que choram...” (Mateus 5.4)
Enquanto um mundo privilegia os valentões, Cristo diz: “Mais que felizes são os mansos...” (Mateus 5.5)
E ainda: Mais que felizes são os que são perseguidos e os injuriados (Mateus 5.11)
Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. Eu, porém, vos digo que todo aquele que {sem motivo} se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. u, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno. Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério. (Mateus 5. 21-32)
A moral cristã é superior. Alguém já disse que é impossível seguir tais preceitos morais hoje. E não está em todo errado, não. Para o homem natural é impossível! Mas para Deus nada é impossível (Lucas 1.37). Contudo, importa-vos nascer de novo (João 3.7).
“Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, 12 mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.” (1 Pedro 2.11-12)