sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sobre Cesare Battisti e a política externa brasileira

A política externa do presidente Lula já é uma porcaria, e isso todo brasileiro já sabe há muito tempo. Só para lembrar: Lula tentou um assento no conselho permanente de segurança da ONU, não conseguiu. O Brasil indicou o ex-ministro João Sayad para presidente do BID, Sayad foi derrotado com votos do Paraguai e do Uruguai. Lula quis eleger embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa como diretor da OMC, Seixas foi derrotado com todos os votos dos países latino-americanos, com exceção do Panamá. Isso é só algumas das várias derrotas e fiascos do Itamaraty.

Contudo nos últimos tempos a política externa brasileira vem se mostrando cada vez pior. Quando mais tenta acertar mais erra. Coloco, agora, para vocês, trechos da pensata de Sérgio Malbergier para Folha de São Paulo, intitulada A recaída do Itamaraty em Gaza (Confira o texto completo em http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/sergiomalbergier/ult10011u489210.shtml)

A iniciativa brasileira de enviar o chanceler Celso Amorim ao Oriente Médio para tentar contribuir na busca de uma solução pacífica para o conflito palestino-israelense merece apoio pelo nobre objetivo manifesto.

Mas a posição brasileira até aqui em nada indica essa busca de equilíbrio, muito pelo contrário, o que reduz nossa capacidade de obter voz de fato relevante na busca da paz.
A começar pela postura brasileira no notório Conselho de Direitos Humanos da ONU, dominado por ditaduras africanas e árabes, bastião de um anti-sionismo obsessivo enquanto ignora ou apazigua ditaduras brutais ao redor do planeta, um constrangimento para a própria ONU.
O Brasil votou nesta segunda-feira a favor de uma proposta condenando de forma veemente Israel pela lamentável morte de civis em sua guerra contra o grupo terrorista palestino Hamas. Os países da União Europeia, Japão e Coreia do Sul se abstiveram, e o Canadá? votou contra o projeto, sancionado por 33 votos a favor, 13 abstenções e um voto contrário.

Mas, no mesmo conselho, o Brasil tomou uma posição bastante diferente em relação ao Sudão, num claro sinal de dois pesos, duas medidas, já visto também na tolerância brasileira com os abusos dos direitos humanos em Cuba e na China, entre outros.

Desde 2004 os rebeldes da região de Darfur, no oeste sudanês, são massacrados por tropas de Cartum e seus aliados, a milícia árabe local (os janjaweed). A conta de mortos chega a 200 mil, repito, 200 mil, além de cerca de 2 milhões de refugiados que relatam massacres e estupros em massa.



"A recusa do Brasil em apoiar uma forte resposta da ONU às atrocidades em Darfur foi um ato de insensibilidade e indiferença', disse então o diretor da HRW para a América Latina, José Miguel Vivanco."





Pois o Brasil manteve uma posição de tolerância com o governo sudanês que contraria a defesa do 'desequilíbrio' feita agora pelo Itamaraty em relação a Israel.

Em dezembro de 2006, por exemplo, o Brasil se absteve de uma votação no mesmo conselho de direitos humanos da ONU que pedia ações mais duras contra a liderança sudanesa, derrotada por 22 votos a 20. O que levou a Humans Right Watch a criticar Brasília: 'A recusa do Brasil em apoiar uma forte resposta da ONU às atrocidades em Darfur foi um ato de insensibilidade e indiferença', disse então o diretor da HRW para a América Latina, José Miguel Vivanco.

Na época, o Itamaraty justificou seu vergonhoso ato como forma de buscar um "consenso eficaz" sobre Darfur, o que até hoje não ocorreu, com a miséria e a morte tão presentes na região quanto em 2006.

Já neste último e triste capítulo da luta entre Israel e palestinos, as declarações do chanceler Amorim e daquela sombra sobre a política externa brasileira, o assessor presidencial Marco Aurélio Garcia, estão muito longe da busca do tal 'consenso eficaz'.

Amorim, por exemplo, ao negar que a Chancelaria brasileira estivesse apoiando só os palestinos no conflito, ressalvou: "Hoje, nós temos uma posição muito equilibrada. Só que, quando há uma ação desequilibrada, você não pode nos exigir uma posição equilibrada'. Está lançada a nova 'doutrina do desequilíbrio"!

O dinossauro Marco Aurélio, cuja lista de gafes e equívocos daria uma Wikipédia própria, foi ainda mais longe, chamando as ações de Israel de "terrorismo de Estado".
E o PT de Lula e Marco Aurélio foi ainda mais longe do longe ao chamar a ação israelense contra os foguetes disparados pelo Hamas contra seu território de "uma prática típica do Exército nazista" (se eu fosse petista como a Clara Ant, rasgaria minha filiação).

Na semana passada, o ministro iraniano Mohammad Abbasi esteve em Brasília, onde se reuniu com o indefectível Marco Aurélio (nova entrada para sua Wikipédia pessoal). Saiu dizendo que posições em comum entre Brasil e Irã devem impulsionar uma união entre os dois países para o cumprimento de metas em relação ao conflito em Gaza e Israel.

Importante lembrar que o Irã arma e instiga o Hamas a lançar sua guerra suicida contra Israel e é presidido por Mahmoud Ahmedinejad, aquele que defende literalmente varrer Israel do mapa e busca ativamente, com pouca resistência global e nenhuma do Brasil, obter uma bomba atômica.
Importante também lembrar que o Brasil já convidou Ahmedinejad, pária em várias capitais do Ocidente e aliado íntimo de líderes autoritários como Hugo Chávez e Robert Mugabe, a visitar o país neste ano.




Pois bem, observaram? Como a queda não é suficiente, veio o coice. A recusa das autoridades brasileiras em extraditar Cesare Battisti à Itália. Se bem que o Itamaraty não tenha gostado muito da decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro. Battisti foi condenado pela Justiça italiana culpado de quatro assassinatos, quando Battisti fazia parte da PAC (Proletários Armados pelo Comunismo).

Recusar a extradição é colocar em dúvida a idoneidade da Justiça italiana e afirmar sem palavras, mas de maneira enfática, que o regime democrático italiano é farsa. Isso até que poderia ser dito, desde que fosse verdade e que fosse mentira que ele assassinou quatros pessoas as quais as famílias esperam ainda por justiça. A Itália poderia servir-nos de lição para aprendermos como tratar os envolvidos na Ditadura Militar, os quais foram anistiados sem sequer passar por um julgamento. A Argentina já caminhou nessa direção, reabrindo processos e condenando generais a prisão perpétua.

O Brasil caminha na direção da proteção de bandidos por ideologia partidária. Foi por essa mesma ideologia que o Brasil enviou para as mãos do gran maestro (Fidel Castro) os dois cubanos, que durante o PAN do Rio de Janeiro, pediram asilo político ao Brasil. É desse jeito que caminha o Brasil.

Cesare Battisti

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